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Folhetim – H RÁ FÁ (Parte 4)

Sim mais  um  capítulo, e ainda não é o fim. Mas o fim se aproxima. Aqui para ler os outros capítulos

 Receou por um tempo, postou a terceira garrafa de volta em seu lugar, olhou para a garrafa de Iono que ia se desmaterializando. Não tentou pegar a garrafa, mas parou e ficou olhando e imaginando o prazer que seria beber aquilo, de goladas bem grandes. Mas só imaginou, por algum motivo não sabia o que fazer, mas não iria se mover. Veria a garrafa sumir, e talvez se lamentaria muitas vezes por não ter a escolhido.

— Fico com a última garrafa. É certo. Apesar de toda a curiosidade de tomar Iono, não é atração o que eu sinto. Eu preciso da última garrafa. É uma coisa diferente o que sinto pelo líquido dela, Ipaun.

— Ah! Então sabe de fato o que está bebendo? Pensei que era um louco se aventurando por algo desconhecido. Já bebeu antes então, suponho?

— Mas não pude dar goles do tamanho que queria, para beber até enjoar. Agora vai ser diferente.

— Compreendo. Iono já não tomará, mesmo que quiser. A garrafa sumiu, está fora de seu alcance.

Olhou para o lado e constou que a garrafa havia realmente sumido. Só restou a de Rolin no chão ao lado de parte do seu líquido derramado e escurecido e a garrafa reluzente de Ipaun. Tentou imaginar porque o líquido da segunda garrafa escurecera, e sem perceber ficou olhando com a cabeça vazia de pensamentos para o líquido derramado. E preocupava-se. Mas não podia mais se preocupar agora que tinha feito a sua escolha. Nem havia porque mais se preocupar: não seria o que ele iria beber de qualquer forma. Sua escolha estava feita.

(CONTINUA…)

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Folhetim – H RÁ FÁ (Parte 3)

   Mais um capítulo da história. Clique aqui para ler a parte 1 e aqui para ler a parte 2.

 Não percebeu, mas no mesmo instante que tocou o líquido da segunda garrafa esparramado no chão, inexplicavelmente a terceira e última garrafa a ser avaliada começou tremular e apitar como se fosse uma chaleira fervente.

Quando o ruído tornou-se estridente e ele percebeu que vinha daquela outra garrafa, agiu por impulso, como se quisesse acalmar aquele objeto a tremer: pegou a garrafa e retirou sua tampa. Foi inclinando em direção a boca. Ia beber. Ela interrompeu.

— Você tem certeza do que está fazendo? Não se esqueça: os efeitos podem ser irreversíveis.

Hesitou por um momento, se deu conta que fora tomado por um impulso inexplicável, queria muito mesmo tomar aquilo que estava naquela garrafa. Tinha sede daquele líquido.

— Vou tomar!

— Não vai nem identificar o que está bebendo?

— Acha que eu não sei o que estou fazendo? – esbravejou – Sei muito bem que devo obedecer ao meu desejo! É o líquido dessa garrafa que eu quero beber! Se pensa que eu não sei, sei muito bem!

— Silêncio, não preciso de você reclamando de mim. É o que você e todas as pessoas fazem, vivem a reclamar de mim!

— Porque você vive a propor joguinhos, escolhas, fica com brincadeiras, plantando dúvidas, quando o que mais se quer, é se ter alguma certeza.

— Sim, essa sou eu!

— E essa é a minha escolha, seguir meus desejos, o seu jogo não era isso, fazer uma escolha?

— Não estou questionando a sua escolha, e sim o seu critério. Desejo? Há! Olhe para a primeira garrafa e diga que não deseja beber aquele líquido também! Vamos, olhe!

Olhou para a garrafa de Iono, e não podia negar, tinha um desejo e o medo por desconhecer seus efeitos. E percebeu que a garrafa ia se desmaterializando. Ela prosseguiu:

— É sua última chance para optar pelo líquido da primeira garrafa, talvez você nunca mais possa ter essa chance novamente em toda a sua vida. E então? O que me diz?

(CONTINUA…)

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Folhetim – H RÁ FÁ (Parte 2)

Estou postando a segunda parte. Clique aqui se você ainda não leu a primeira.

Olhando para a primeira garrafa, virou o olhar e algo chamou sua atenção na segunda: o seu reflexo. A segunda garrafa refletia seu rosto de forma tão distorcida que demorou a crer que aquele era o seu rosto refletido.
— O que acontece com essa garrafa?
— Você quem diz, eu só escuto, vamos, conte-me sobre a segunda garrafa.
— Já tomei isso por muito tempo, é Rolin, bebida ideal pra se tomar quando se bate um papo, é refrescante. Em uma palavra: descontração. Mas, o que me intriga é esse reflexo do meu rosto…
— Ah, isso? A garrafa reflete a forma que o líquido te vê.
— O líquido? Não pode ser, ponha num copo.
— Vai tomar?
— Não, não vou tomar isso! Só quero ver como fica o reflexo a partir de outro recipiente!
— Jogue um pouco no chão.
E assim fez. Aproximou seu rosto e observou a forma que seus olhos, seu nariz, seu cabelo eram distorcidos pelo reflexo da poça.
— Isso é Rolin mesmo?
— Claro que sim, jamais deixaria que você errasse sem te mostrar o erro, jogar na sua cara que você errou! Nunca perco uma oportunidade para confundir você!
— Mas como eu nunca percebi? Não foi ontem que eu tomei isso pela primeira vez, faz tempo…
— Ah, às vezes nem sempre o líquido te refletiu assim.
— E por que mudou?
— Não trago respostas, só dúvidas.
— Me cansa esse jogo!
— Escolha? Já ouviu falar? Você poderia ter escolhido não jogar. Mesmo assim eu seguiria você, e mesmo depois desse jogo, continuarei estando em todo lugar, até que eu me desgaste. No entanto, você escolheu jogar e agora deve escolher uma garrafa, fica a seu critério o critério de seleção, espero que você haja com sensatez, razão e emoção. Não tenha pressa.
— Não consigo, pensar em Rolin da mesma forma que alguns minutos atrás. Me enoja saber que por tanto tempo bebi algo que hoje me parece sujo.
E continuou refletindo no líquido despejado no chão, por muito tempo com seus pensamentos indo pra longe dali, se esquecendo do que aquilo se tratava e se lembrando de um tempo
que agora parecia que foi desperdiçado, usado para enganar, falsear. Agachou-se, tocou o líquido, e nesse instante ele mudou de cor, e, agora sim, o líquido parecia falso, mas tinha a convicção de ainda se tratava de Rolin e seu rosto ficou ainda mais distorcido.

CONTINUA…

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