Eis que surge

Naquela noite que havia permitido esquecer-me de todos os meus próprios valores, desconstruir-me, fazer o feio, o que escandaliza e choca. Ser sobriamente bêbado, boêmio, vazio, enfim. Eis que surge.
Tenho deixado meus impulsos agirem, sem reprimir as minhas vontades. E ultimamente descobri que nem todas as minhas vontades serão viáveis e quando a vontade traduz-se em amar, a dor é grande. Porque amor nunca é equivalente, já sei. E eis que surge. Aqui, só no meu pensamento, rindo alto da dor que sofro e a pouco provoquei.

Sou vulnerável, me diz a música.

Voltando àquela noite, eis que surge e me olha, aparentemente sem condenar, mas a sua presença já me pesa a consciência, pois recordo de ter deixado claro todos os valores que iria esquecer naquela noite.

Eu não sou eu mesmo nesta noite, outra música.

Segui decidido e não freei meus impulsos, seguindo firme ao propósito de me trair. Fútil, mas extremamente prazeroso. Paradoxal. Que mal há nisso? Eis que peço: não me leve a mal. Nem sei se me vigiava, se me viu tomar as atitudes que eu próprio considero repugnantes.  Não fiz nada, jamais, para que imagine que te quero mal, apenas não te quero mais. Essa foi a última música.

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