Folhetim – H RÁ FÁ (Parte 2)

Estou postando a segunda parte. Clique aqui se você ainda não leu a primeira.

Olhando para a primeira garrafa, virou o olhar e algo chamou sua atenção na segunda: o seu reflexo. A segunda garrafa refletia seu rosto de forma tão distorcida que demorou a crer que aquele era o seu rosto refletido.
— O que acontece com essa garrafa?
— Você quem diz, eu só escuto, vamos, conte-me sobre a segunda garrafa.
— Já tomei isso por muito tempo, é Rolin, bebida ideal pra se tomar quando se bate um papo, é refrescante. Em uma palavra: descontração. Mas, o que me intriga é esse reflexo do meu rosto…
— Ah, isso? A garrafa reflete a forma que o líquido te vê.
— O líquido? Não pode ser, ponha num copo.
— Vai tomar?
— Não, não vou tomar isso! Só quero ver como fica o reflexo a partir de outro recipiente!
— Jogue um pouco no chão.
E assim fez. Aproximou seu rosto e observou a forma que seus olhos, seu nariz, seu cabelo eram distorcidos pelo reflexo da poça.
— Isso é Rolin mesmo?
— Claro que sim, jamais deixaria que você errasse sem te mostrar o erro, jogar na sua cara que você errou! Nunca perco uma oportunidade para confundir você!
— Mas como eu nunca percebi? Não foi ontem que eu tomei isso pela primeira vez, faz tempo…
— Ah, às vezes nem sempre o líquido te refletiu assim.
— E por que mudou?
— Não trago respostas, só dúvidas.
— Me cansa esse jogo!
— Escolha? Já ouviu falar? Você poderia ter escolhido não jogar. Mesmo assim eu seguiria você, e mesmo depois desse jogo, continuarei estando em todo lugar, até que eu me desgaste. No entanto, você escolheu jogar e agora deve escolher uma garrafa, fica a seu critério o critério de seleção, espero que você haja com sensatez, razão e emoção. Não tenha pressa.
— Não consigo, pensar em Rolin da mesma forma que alguns minutos atrás. Me enoja saber que por tanto tempo bebi algo que hoje me parece sujo.
E continuou refletindo no líquido despejado no chão, por muito tempo com seus pensamentos indo pra longe dali, se esquecendo do que aquilo se tratava e se lembrando de um tempo
que agora parecia que foi desperdiçado, usado para enganar, falsear. Agachou-se, tocou o líquido, e nesse instante ele mudou de cor, e, agora sim, o líquido parecia falso, mas tinha a convicção de ainda se tratava de Rolin e seu rosto ficou ainda mais distorcido.

CONTINUA…

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