Misto

Tem do quente, tem do frio. No calor, com refrigerante, no frio, com chocolate quente.

Pela mesma chapa passa tudo, presunto, queijo, hambúrguer, bacon, cada um compõe um lanche, mas a mesma chapa torna-se ingrediente indispensável para o sabor bom e incomparável de um bom misto.

Tudo é passível de mistura, até sentimentos. Trazendo uma sensação única. Com gosto de misto. Mas não sempre do mesmo misto que vai na chapa.

Um gosto de misto bizarro, como de geléia de amora com bife. Nem tudo que se gosta fica gostoso misturado. Lasanha com chocolate é um bom exemplo.

Assim, o sentimento de ódio é mais autêntico e melhor vivido isolado, apenas ele. Amor? Ah, esse se mistura com muitas coisas – até com o ódio, uma vez que o amor é o sentimento mais indefinido e inexplicável.

Mas não falo aqui desse misto bizarro de sentimentos onde as sensações se revezam, como comer uma lasanha e depois, chocolate de sobremesa.

Falo sim de sentimentos e sensações simultâneas, paradoxais: felicidade triste, triste felicidade, ódio amoroso, amor odioso, alívio saudoso, saudade que alivia. O que é isso, afinal?

Não há com o que se preocupar, a ordem dos fatores não altera o produto. Uma vez que no final, já dizia o poeta: tudo vira bosta.

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Arquivado em Devaneios, Reflexões

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